quarta-feira, 1 de julho de 2009

Inclusão e cidadania: figurantes do ensino regular em extinção

Todos têm direito à educação: cabe a nós
descobrir como cada um deles aprende.
Foto: Luciane Pavini

É com otimismo que observamos o avanço do processo de inclusão escolar nesta última década. Vários fatores têm contribuído para que mudanças venham ocorrendo no sistema educacional e, mais especificamente, em algumas escolas. Dentre eles, destacamos o apoio da mídia, a criação de leis, assinatura de decretos, cursos para formação de professores, custeio de equipamentos e materiais pedagógicos adaptados, construção de salas multifuncionais para o atendimento educacional especializado, enfim, uma gama de recursos investidos na educação para melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência.



No entanto, para fazermos cumprir as leis, deparamo-nos, até o presente, com inúmeros desafios e obstáculos que vão desde a resistência por parte de alguns profissionais de diferentes áreas, da maioria dos pais até os entraves relacionados à acessibilidade, em todos os níveis, e às parcerias com alguns profissionais de áreas afins – que, por desconhecerem a seriedade do trabalho especializado da área educacional, acabam dificultando ou comprometendo, embora não deliberadamente, o processo de inclusão.



Com relação ao grande número de professores, ainda sem a formação inclusiva, observamos, de sua parte, a angústia, a ansiedade, o medo e muitas dúvidas. Realmente, é natural que se comportem assim diante de desafios dessa monta. Contudo, não precisam permanecer neste estágio. Eles têm que sobrelevar, buscar caminhos e não fórmulas, receitas prontas ou manuais – até porque eles não existem.



A diversidade é tão grande que, somente conhecendo cada caso, teremos condições de descobrir como essa pessoa com deficiência aprende, do ela que necessita, quais as competências que ela traz consigo e – ninguém se iluda! – não será nenhum curso que irá lhe dar essas respostas. É lógico que eles ajudam, facilitam, esclarecem, mas somente o convívio, a troca, a tentativa de comunicação é que nos darão o norte para explorarmos suas inteligências múltiplas e lhes oferecermos condições adequadas para aprenderem e, desta forma, garantirmos o cumprimento do seu direito à educação e ao pleno exercício de sua cidadania.



Inclusão escolar: não há mais espaço para figurantes
Foto: Luciane Pavini

Se não tivermos a sensibilidade de admitirmos que pessoas com deficiência precisam ser abrangidas e não lhes dermos a atenção e o apoio necessários, elas apenas estarão inseridas, e não incluídas em sala de aula, ocupando carteiras e papéis de importância secundária – o que poderá provocar reações diferenciadas: alguns permanecem passivos, outros demonstram sua insatisfação através de atitudes agressivas como forma de chamar a atenção para si.



Portanto, para que tenhamos condições de atendê-los, de forma criativa e eficiente, são necessárias muitas trocas de experiências entre as pessoas comprometidas com a inclusão e a constante busca de parcerias com a família e com os profissionais de outras áreas. Elas são relevantes e nos darão tranquilidade para educarmos na diversidade, observando a ética e jamais permitindo que os alunos com deficiência sejam meros figurantes do ensino regular.



Copyright © 2009 – Josselene Marques
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3 comentários:

Sulla Mino disse...

"...garantir..." Quanto tempo não leio ou ouço sobre esta palavra. Parabéns pela postagem. Bjks,

baladas mp3 disse...

Gracias a Dios existen educadores como vos Jossi que se preocupan por hacer la vida de las personas con capacidades diferentes, un tanto mejor.Amiga, te estàs ganando el cielo y tus alumnos te deben querer como a un cielo.Bendiciones amiga.

Josselene Marques disse...

Sulla:

Você tem razão. Atualmente, é muito difícil termos a garantia de qualquer coisa - a começar pela dos nossos direitos de cidadãos.
Abraço e volte sempre.

Beto:

Gracias a vos por tu amistad, tu visita tan gentil y por siempre dejares tus comentarios en mi blog.
Un abrazo de tu amiga brasileña.